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Tarifa do transporte em R$3,25: Vale a pena?

Que a tarifa fosse subir era algo que todos nós campo-grandenses já esperávamos, visto que as empresas são quem realmente mandam na cidade, mas você usuário já parou para pensar se vale a pena pagar R$ 3,25 para andar de ônibus pela cidade? Nós da equipe Ligados no Transporte mostraremos a você que não vale a pena. Confira abaixo:





  • Conforto
Em um comparativo com Porto Alegre, cidade que tem o mesmo valor de tarifa da capital, os veículos que rodam na cidade possuem poltronas estofadas, enquanto que as atuais empresas do transporte de Campo Grande oferecem um banco duro, de plástico, e totalmente desconfortável. Outro problema é a disponibilidade desses assentos, que geralmente são pouquíssimos. Em Porto Alegre, além das poltronas estofadas, as poltronas são duplas dos dois lados do veículo, proporcionando maior capacidade de passageiros sentados, enquanto em Campo Grande, a realidade é bem diferente. Para você ter uma ideia, em 2011, os nossos veículos alongados vieram com apenas 28 poltronas, o que resulta numa configuração de fileiras de poltronas únicas do lado do motorista e, do lado das portas, além de fornecer poltronas únicas, forneciam cerca de três a quatro poltronas duplas. Essa tática era utilizada para que o veículo comportasse mais gente em pé, não precisando aumentar o número de veículos na linha.

Interior de um veículo mais antigo da capital.

Em 2012, as empresas deram uma 'leve' melhorada, fornecendo alguns bancos duplos a mais na parte de trás do veículo, mas eram do mesmo padrão da cidade, duros. Essa configuração perdurou até 2013, pois em 2014, os veículos chegaram com bancada dupla dos dois lados. Porém, depois de um tempo, as empresas retiraram as bancadas duplas, substituindo por simples, para aumentar a capacidade interna do veículo.

Veículo que chegou em 2013. Como é visto, alguns bancos extras no fundo do ônibus.

Veículo que chegou em 2014, com bancadas duplas de ambos os lados, mas que já não possuem essa configuração.

As empresas que operam na cidade atualmente alegam que a configuração interna dos veículos é definida pelos sócios da empresa, que optam pelo mais simples que há no mercado. A prefeitura da cidade também não determina nenhum tipo de qualidade na aquisição dos veículos, ficando com as empresas a decisão de configuração interna.

  • Qualidade de Operação
Em 2014, perdemos 12 articulados para a entrada de 24 veículos convencionais no sistema. Na época, a promessa era de uma melhora no atendimento, com mais veículos circulando, mas não foi bem o que aconteceu. Linhas que rodavam somente com articulado, como a 085, por exemplo, começaram com uma operação boa, mas com o tempo, foi perdendo veículos, chegando a circular com o mesmo número de veículos que circulava antes. O problema é que esses veículos não são mais articulados, e sim convencionais, mostrando a brusca queda de oferta na linha.

Antes e depois da 085, linha prejudicada com a substituição de articulados por convencionais.

Em 2015, as empresas tem pecado ainda mais na qualidade da operação do serviço. Linhas troncais como 080 e 087 que deveriam ser operadas somente com veículos articulados, estão rodando com veículos convencionais, ocasionando superlotação nos veículos e deixando muitos passageiros nas paradas, aguardando a passagem do próximo veículo.

Veículo convencional na linha 087, que deveria ser operada somente por veículo articulado.

Outro problema vem acontecendo a noite e é mais comum aos finais de semana, quando as empresas, além de reduzirem a oferta de veículos, colocam veículos curtos nas linhas troncais. Linhas como 061, 081 e 087 andam extremamente lotadas, pois esses veículos além de terem uma capacidade menor, são mais fracos, ocasionando atrasos.

Veículo curto na linha 087, superlotado em pleno domingo.

  • Renovação? Não esse ano.
Em 2015, não irá chegar nenhum veículo novo na cidade. O Consórcio Guaicurus alega dificuldade financeira, portanto, sem ônibus novo na cidade. No entanto, ainda existem veículos do ano de 2005 circulando pela cidade, e a regra da Agetran é de que os veículos circulem por no máximo 10 anos. Para substituir esses veículos e economizar, o Consórcio Guaicurus está trazendo veículos usados do Paraná e de São Paulo, para substituir os veículos mais antigos. Alguns deles, inclusive, já estão em circulação pela cidade.

Veículo Ex Transporte Coletivo Cidade Canção - PR. 

Fica provado que R$3,25 é uma tarifa absurdamente cara para um transporte tão precário quanto o nosso. Agora, o que nos resta é esperar da nossa prefeitura uma cobrança maior das empresas, para que ao menos melhorem a qualidade do serviço prestado.

Produzido por Gabriel Santos.

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