Pular para o conteúdo principal

Fim do peg-fácil de manhã, ou quem realmente manda na cidade.

No mês de abril, na surdina, o Consórcio Guaicurus decidiu acabar com o funcionamento dos pontos peg-fácil na cidade no período matutino, alegando ser o período de baixa demanda. Uma atitude que não traz nenhum tipo de benefício aos usuários, mas que ao contrário do que eles alegam, traz sim muitos prejuízos.

Ônibus embarcando passageiros na estação peg fácil da 13, uma das 4 que foram desativadas no período matutino.


O principal e mais sentido pelos passageiros é o risco de terem que pagar duas tarifas ao trocar de ônibus no centro da cidade. Segundo o Consórcio este problema não ocorre, pois utilizando o cartão é possível fazer a integração temporal, mas como mostrado pela imprensa, às reclamações surgiram justamente por conta dos usuários estarem sendo tarifados duas vezes. O fato é que o sistema de integração temporal na cidade é extremamente confuso e não chega sequer a ser padronizado. O sistema não permite que se faça integração entre linhas da mesma região, só que não há um conceito claro do que é "região". Outro fato já constatado é que trocar de uma linha para outra, em alguns casos é dado integração e outros não, dependendo da empresa que esta operando a segunda linha, ou seja, sem nenhuma padronização.  O diretor do Consórcio Guaicurus, João Rezende, em entrevista a TV Morena disse que quem tiver problema com integração deve entrar em contato com o Consórcio, passando para o usuário a responsabilidade de resolver o problema e também mostrando o desejo de faturar em cima de usuários que não tenha esta informação ou não tenha tempo de resolver este problema.

Um dos maiores problemas do fim do peg-fácil é o maior tempo dispendido para embarque de passageiros pela porta da frente, atrasando ainda mais a viagem das linhas, sendo que hoje as linhas que passam pelo centro já tem muita dificuldade de cumprir horário por conta do trânsito e agora tem mais um fator para atrasar viagem. Apesar do volume de embarque nos peg-fácil de manhã ser menor, ainda assim não é pequeno e o tempo perdido é bem significativo. Vale lembrar que este fator prejudica justamente os usuários que se utilizam dos mais longos deslocamentos, que se deslocam de um bairro para o outro no período da manhã, que já são obrigados a andar nas lotadas linhas de centro por falta de opção e ainda tem mais um fator para atrasar viagem.

Outro fator prejudicial é o fim da racionalização de itinerário feito pelos próprios passageiros, que buscavam alternativas usando integração no peg-fácil de pegar linhas fazendo trajetos mais curtos ou em trechos de menor demanda da linha, fato que inclusive beneficia o próprio consórcio, pois serve para diminuir lotação. Um pessoa que utiliza o Terminal Aero Rancho, por exemplo, e deseja ir para os altos da Ceará, podia fazer o trajeto de 082 e seguir integrando com a 070 no pég-fácil do shopping, evitando de ter que fazer a troca da linha em pleno horário de pico para pegar 081 lotada no Terminal Bandeirantes. 

Em resumo, não há nenhum benefício para o usuário, uma medida que visa unicamente cortar gastos, com funcionários dos pég-fáceis e faturar em cima usuários que não tenham o cartão ou não consigam fazer integração. Para o empresário é uma ótima medida, mas vale lembrar que transporte público é um concessão do governo municipal e deve ser controlado por este, pois além de ser um serviço essencial, se for controlado somente pela lógica de mercado deixará muitas pessoas desatendidas. Mais uma vez a prefeitura não toma nenhuma providência e deixa as empresas reduzirem novamente a qualidade do serviço prestado, mostrando quem realmente manda e controla o sistema de transporte coletivo de Campo Grande. Só mais um, entre tantos outros golpes na qualidade dos serviços que Campo Grande vem sofrendo dia após dia na gestão de Gilmar Olarte.

Matéria do TV Morena sobre o fim do funcionamento dos peg-fácil no período matutino.


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Análise dos dados da pesquisa Origem / Destino de Campo Grande - MS Parte 2

Na segunda parte das análises dos dados da pesquisa Origem / Destino encomendada pelo Consórcio Guaicurus, focaremos na origem destino propriamente dita, ou seja, de onde para onde as pessoas se movem na cidade. Essas informações seriam muito úteis para o replanejamento das linhas de ônibus da cidade, mas como dito nas análises anteriores, o relatório traz números com pouquíssimas análises em cima deles. Nesse texto tentamos simplificar ou pelo menos trabalhar esses números de forma diferente para obter mais informações.  Foto na formatação original de uma das tabelas presente na pesquisa e apresentada nessa análise. A  cidade foi dividida em nove regiões, numerada na pesquisa da seguinte forma:

Consórcio Guaicurus sob nova direção

Paulo Constantino, irmão de Nenê Constantino, é o novo diretor do Consórcio Guaicurus. Assumiu a direção do consórcio há poucas semanas, ficando no lugar do até então diretor João Rezende. Depois do escândalo da retirada dos articulados da Viação Cidade Morena , o antigo diretor ficou sob extrema pressão, que fez com que ele renunciasse e pedisse transferência para trabalhar internamente, na Assetur. Paulo Constantino, irmão de Nenê Constantino, dono da maior frota de ônibus do Brasil.

Sistema de cores do transporte de Campo Grande: pode enterrar.

Os mais saudosistas se lembram com carinho quando em 1992 foi inaugurado o SIT em Campo Grande, sistema integrado de transportes, com a construção dos terminais Bandeirantes e General Osório. Este sistema, baseado no de Curitiba, trouxe uma nova divisão de linhas e alterou a pintura dos ônibus, antes cada empresa tinha sua pintura, após a implementação deste sistema, a pintura foi padronizada com 4 cores, eram elas: Amarelo: Linhas convencionais, que fazem trajeto centro-bairro.  Vermelho: Linhas troncais, que fazem trajeto terminal-terminal passando pelo centro ou terminal-centro.  Verde: Linhas interbairros, que fazem trajeto terminal-terminal mas sem passar pelo centro.  Azuis: Linhas alimentadoras, fazem trajeto bairro-terminal.