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Panorama das Linhas Executivas - Parte 1

Tarifa de 3,30 para andar um ônibus com poltrona pouco mais confortável e ar condicionado. Pode parecer muito, mas em uma cidade escaldante de quente a maior parte do ano, é sucesso garantido. As linhas executivas foram criadas em 1998, operando com micros ônibus em configuração de ônibus rodoviário, com direito até de TV dentro deles. De lá para cá, bastante coisas mudaram. O número de linhas cresceu muito, a demanda aumentou e o tipo de veículo predominante mudou. A maior mudança começou mesmo em 2010, quando chegaram os primeiros  modelos Midis, pouco maior que os micro. Apesar de menos confortáveis, o Midis foram necessários por conta da demanda das linhas, que já não mais suportavam rodar com micros, e passado pouco mais de 3 anos da chegada dos primeiros veículos, eles continuam com o ar condicionado bombando. As linhas executivas, com seus longos trajetos e atendendo diversos bairros passaram a atrair também muitos usuários que desejam fugir da lotação das linhas dos terminais. Mas e aí, será que o  serviço executivo em Campo Grande vem fazendo jus ao nome e ao preço?

 Carro 1000, um dos primeiros a chegarem na cidade para prestar serviço executivo na época de sua criação. 


Primeiramente é importante ressaltar que o serviço executivo em Campo Grande não é homogêneo, há linhas melhores e piores atendidas. Na coluna de hoje iremos trazer um dos maiores problemas do serviço prestado, e na semana que vem, irei enumerar uma série de outros problemas.

Ônibus 4158, um dos primeiros Midis a chegarem no ano de 2010

Interior do carro 4158

É pra lá de comum vermos veículos convencionais operando linhas executivas e a explicação é simples, o consórcio não tem veículos o suficiente para operar as linhas, como pode ser visto na tabela abaixo. Se considerarmos que os veículos executivos também precisam ficar na garagem para passarem por serviços de manutenção, a frota fica ainda mais apertada. Para o usuário, fica difícil planejar seus gastos mensais, pois fica em dúvida se virá um veículo convencional ou executivo, correndo risco de esperar mais no ponto para ter o conforto de um veículo executivo e acabar vindo um convencional. É comum também casos de passageiros acostumados a pegar veículos convencionais em linha executiva, serem surpreendidos por ônibus executivo e não ter condições de pagar a tarifa.  É um problema que atinge todas as linhas de todas as empresas,  mas hoje é mais grave nas linhas que eram de competência da Viação São Francisco, as linhas começadas com código 2. Já foi muito comum também nas linhas que pertenciam a Serrana e depois a Floresta, as iniciadas em 5, porém hoje encontram-se em situação pouco melhor neste quesito.

Tabela de linhas e veículos executivos de Campo Grande

O problema das linhas da São Francisco são antigos, iniciados em novembro de 2010, quando chegaram os primeiros Midis, para substituir antigos micros que já estavam velhos e não davam mais conta do serviço, mas surpreendentemente não veio nenhum para VSF, que fez com que suas linhas ficassem mais um ano operando com micros velhos ou veículos convencionais. Já no segundo semestre de 2011 finalmente chegaram os Midis da empresa, porém somente 4, quantidade insuficiente para operar 290, 291 e a recém criada 292, sendo que tornou-se regra o revezamento de executivo e convencional nas linhas, causando grande confusão aos usuários. Em 2012 nova renovação de frota e nada de veículos executivos para resolver o problema. Em 2013 mais uma renovação de frota e 1 veículo executivo para São Francisco, ainda assim para operar a recém assumida da Floresta, 593, mantendo a quantidade insuficiente de veículo. Também em 2013 a VSF acaba repassando a linha 290 para Jaguar, mas continua sem resolver o problema. A linha 290 recebe somente veículo convencional da Jaguar, em quanto a 291 continua revezando convencional e executivo, tendo somente a 292 com o problema resolvido, por em quanto.

O caso da 290 é interessante, pois a Jaguar até tem veículo suficiente para operá-la,  mas mesmo assim só coloca convencionais. Se o objetivo do Consórcio é torná-la uma linha convencional, que assim o faça, divulgando a alteração e mudando seu código, pois o segundo número 9 indica linha executiva. Desta maneira, o usuário já teria certeza de antemão o tipo de serviço que será prestado pela linha.

Carro convencional da Jaguar operando a linha 290

Já as outras linhas, hoje, recebem carros convencionais esporadicamente, o que evidencia ausência de frota reserva, problema que persiste a mais de 3 anos, passando por 4 renovações de frota sem ter sido resolvido, o que mostra um desleixo do Consórcio Guaicurus com um serviço que, se bem prestado, é uma mina de ouro em termos de ganhos financeiros.

E não percam na próxima coluna um panorama mais completo dos problemas das linhas executivas de Campo Grande.


Carro convencional da São Francisco operando linha 292.

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