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E o Bernal? Retrospectiva 2013

Amanhã, dia 26 de dezembro poderemos ter consolidado um verdadeiro golpe político em Campo Grande. Não há outra palavra que defina melhor o que ocorre do que “golpe”. As evidências são inúmeras e os caciques da cidade, representados principalmente na figura de alguns vereadores, não fizeram nem questão de montar um teatrinho convincente, deixaram escancarado a todos que o único objetivo é derrubar o prefeito, a qualquer custo.

Mas e aí, como podemos avaliar este primeiro ano da gestão de Bernal no tema que compete a este blog? O que aconteceu com o transporte coletivo em Campo Grande em 2013?
Auxiliado pelos protestos de junho, o feito mais visível de Bernal na área foi na tarifa, havendo duas reduções e fechando o ano com o valor da passagem 15 centavos mais barato do que no começo de sua gestão. Alguns pontos importantes sobre a tarifa:

- Bernal ao receber apoio do PT, incorporou uma das promessas de campanha deles que era a redução da tarifa. Segundo o então candidato Vander, havia alguns gastos inexplicáveis na tabela das empresas de ônibus, que se descontados, reduziria a tarifa. Após a eleição, esta promessa foi esquecida, inclusive pelo próprio PT, e acabou só voltando à pauta com os protestos de junho. Existe a possibilidade desta promessa não ter passado de um delírio de campanha, tão comum no partido de Vander.

- Em fevereiro, antes do tema transporte coletivo ter entrado na pauta dos noticiários, Bernal segurou a tarifa em 2,85 mesmo após cobrança de reajuste do Consórcio Guaicurus, acostumados a aumentar a tarifa nesta época do ano. Bernal alegou que qualquer discussão sobre o valor da passagem só poderia ser feito após um ano da assinatura do novo contrato, no caso, somente em novembro. Apesar de esquecida, esta atitude foi essencial mais pra frente, fazendo que as reduções incidissem sobre o valor antigo da passagem.

- Em julho, quando o Brasil vivia o fervor dos protestos, Bernal finalmente cobrou que as desonerações de impostos feitas pela presidenta Dilma incidisse sobre nossa tarifa, levando a primeira redução do ano com 1 mês de atraso.

- Em novembro, quando o Consórcio Guaicurus veio cobrar o reajuste, Bernal atendeu aos pedidos de desonerar as empresas de impostos municipais que junto um acordo com as empresas, reduziu a tarifa de 2,75 para os atuais 2,70.. Beneficiado um pouco pela sorte, o timing deste acordo foi perfeito, já que logo em seguida houve grande reajuste no preço dos combustíveis.

Mas não só de tarifa é feito o transporte público, então podemos enumerar mais alguns pontos a se destacar da administração Bernal.

Faixa de apoio a Bernal pela redução da tarifa. Foto: Carlos Guessy, Top Mídia News

- Para presidência da Agetran, Bernal indicou Kátia Moraes Castilho, mineira de Juiz de Fora. Apesar da demora na indicação, Bernal buscou um nome técnico para o cargo, uma pessoa com amplo conhecimento na área de mobilidade. Kátia trouxe uma nova visão para os problemas da cidade, apesar que por conta do curto período a frente do órgão, a burocracia que tanto atrasa soluções e o fato da Agetran estar lotada de funcionários sem nenhum comprometimento, pouco podemos avaliar o trabalho de Kátia. E como consequência de todo teatrinho montado pela câmera, mesmo que Bernal não seja cassado, Kátia deverá ser substituída por Jean Saliba, uma indicação política ao cargo.

- Após um longo período em que o transporte da cidade viveu um retrocesso, com as empresas passando a economizar cada vez mais a custa do conforto dos passageiros, tivemos uma melhora no atendimento. Nos últimos anos da gestão Nelsinho, as empresas passaram a economizar veículos articulados, colocando-os só para rodar nos horários de pico e para piorar, passou a escalar carros de pequeno porte em linhas de grande demanda. Com reclamações feitas em audiências públicas, o problema em diversas linhas foi totalmente ou parcialmente resolvido.

- A liberação de recursos do PAC Mobilidade para construção de novos terminais pode não ter sido uma conquista exclusiva de Bernal, já que o projeto e o pedido de recursos ainda é do período do Nelsinho, mas Bernal conseguiu incluir mais um terminal que não fazia parte dos projetos iniciais, um terminal na Av. Mato Grosso próximo ao Parque dos Poderes. Vale lembrar que novos terminais são essenciais para um replanejamento do sistema e consequente redução do tempo de espera de ônibus em diversos bairros da capital.

- A Agetran e também a Assetur passaram a ouvir mais os pedidos da população, ocasionado criação de novas linhas, alterações de itinerário e ampliação dos horários de atendimento das estações Peg-Fáceis para ficar em alguns exemplos.

- Uma das maiores conquistas já foi bastante discutida neste blog: saída da Serrana/Floresta do sistema devido à ação da prefeitura em não aceitar a legalidade da empresa. O número de calotes na cidade com certeza se tornou bem menor.

Prefeito Alcides Bernal na entrega dos 84 novos ônibus. Fonte: O Progresso

- Para não citar só conquistas, um grande retrocesso foi o afrouxamento na fiscalização dos terminais. Hoje os terminais se tornaram verdadeiras feiras livre com muitos vendedores ambulantes e mercadorias espalhadas por todo corredor. O número de vendedores e pedintes dentro do coletivo também cresceu muito neste período.

Em resumo, não são conquistas memoráveis para a área de transporte, mas são bons avanços para um pequeno espaço de tempo.

Bernal foi eleito pelo povo em um claro pedido de mudança, de renovação. Nem toda renovação é boa, mas caberá ao povo julgar em 2016 se gostou ou não das mudanças propostas por Bernal. Fica aqui o apoio deste colunista a Bernal e a torcida pela não consolidação do golpe.

E em breve prometo trazer a vocês uma avalição dos 8 anos da gestão Nelsinho na área de transporte coletivo.

Produzido por Eric Moises Martins.

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